segunda-feira, 6 de junho de 2011

quebrando o tabu

Vi há dias Quebrando o Tabu, o documentário onde Fernando Henrique Cardoso pretende abrir um debate sobre as más soluções que o Brasil oferece para a questão do consumo das drogas, em especial da maconha.
Confesso que fui com bastante cautela no filme. E que é muito difícil ver, sem ficar reflectindo sobre como é fácil um ex-presidente falar sobre um assunto que ele nem pensou enquanto era presidente. Ou que, se pensou, deixou guardado na gaveta. Parece que ele e Clinton (que também aparece no filme) não sabiam que as drogas eram um problema mal solucionado, enquanto mandaram nos seus países. E isso me custou um pouco a passar, ao longo do documentário. Bem como a impressão de que "este quer ser o Al Gore, versão descriminalização das drogas".
Tirando estas questões mais pessoais, acho o documentário importante. A sociedade brasileira consegue, em vários assuntos onde a realidade social clama por soluções humanas, ser inacreditavelmente atrasada. E este documentário pode abrir o debate. De certa forma o PSDB (ou pelo menos um símbolo tucano) ultrapassa o PT pela esquerda - só neste ponto, claro está - e isso é bom para ver se a Dilma acorda dos seus sonhos evangélicos. E, obviamente, querendo que a Dilma acorde, também é importante que a sociedade acorde.
Outra coisa que dá voltas ao estômago, é pensar no rigor com que a polícia tratou há poucas semanas atrás os manifestantes em São Paulo que defendiam a discussão em torno da questão da maconha. A polícia baixou o cacetete em cima deles. Agora, felizmente, há um documentário que vai dar o que falar e que apela à discussão e ao colocar a mão na consciência sobre o desvario irresponsável que é o tratamento dos usuários de droga no Brasil. FHC tem sorte de não apanhar da polícia. Assim devia ser com todos os que apelam à discussão da resolução de assuntos das sociedades democráticas.
Adenda: dois links bacanas, acabadinhos de postar no perfil do FB de um amigão:
A marcha mais bonita da cidade;
A guerra contra a droga falhou. Chegou a hora de descriminalizar.

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